Paraná: SUPOSTO LÍDER DE ESQUEMA DE CORRUPÇÃO NA RECEITA ESTADUAL VOLTA À PRISÃO - Ex-chefe do Fisco
- nossavozfoz
- 4 de dez. de 2015
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Operação do GAECO também conduziu coercitivamente o empresário supermercadista Pedro Muffato, representante do Grupo Muffatão
O casal de auditores da Receita Estadual de Londrina Márcio de Albuquerque Lima e Ana Paula Pelizari Marques de Lima voltou à prisão ontem, em decorrência da deflagração da quarta fase da Operação Publicano pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Londrina, braço do Ministério Público (MP) do Paraná.
Além deles, foram presos outros 37 auditores fiscais (incluindo integrantes da alta cúpula, em Curitiba), um empresário, um advogado e uma pessoa que se passava por fiscal para exigir propina.
Apontado como líder do esquema de corrupção na Delegacia da Receita de Londrina, que teria conhecimento e aval dos ocupantes dos mais altos cargos da Receita, em Curitiba, Lima volta à cadeia pela terceira vez. Ele já foi preso em decorrência da primeira e segunda etapa da Publicano, assim como sua mulher, citada pelo Gaeco como uma auxiliar direta do marido no esquema criminoso.
A segunda fase da Publicano envolveu o empresário Luiz Abi Antoun, figura ligada ao governador Beto Richa (PSDB), apontado como líder político do esquema. Ele não estaria envolvido nos fatos apurados na quarta fase.
A Operação Publicano, cuja primeira etapa foi deflagrada em 20 de março, investiga uma organização criminosa que envolve atos de corrupção e concussão praticados por auditores e sonegação de impostos estaduais por empresários de Londrina e região.
Os fatos novos apurados pelos investigadores têm como base documentos apreendidos ainda em janeiro, quando o principal delator do esquema, o auditor Luiz Antonio de Souza, foi preso em flagrante em um motel com uma adolescente de 15 anos. O mais importante documento é uma planilha com nomes e valores de propina paga aos auditores, que estava em um pendrive, pertencente a Souza.
De acordo com o coordenador do Gaeco em Londrina, promotor Jorge Fernando Barreto da Costa, uma parte da investigação foi baseada nessas informações contidas no pendrive, mas é claro que foram confirmadas por muitas outras diligências e investigações.
Esquema na Reeleição de Beto Richa

Em acordo de delação premiada com o Ministério Público e o Gaeco, o auditor fiscal Luiz Antônio de Souza afirmou que a campanha à reeleição dogovernador Beto Rcicha (PSDB) recebeu aproximadamente R$ 2 milhões de reais do esquema de corrupção na Receita Estadual.
Souza ainda teria relatado que na arrecadação do dinehiro da corrupção se falava em nome de Luiz Abi Antoun, primo distante do governador tucano.
O desvio teria sido concretizado com três empresas que, assim como as demais achacadas pelos auditores fiscais, tinham dívidas tributárias com o estado.
Nova Fase - A fase atual da Publicano é dirigida a fatos criminosos ocorridos entre 2008 e 2014. Segundo o MP, as irregularidades são recebimento de propina para a liberação de créditos devidos e a falta de fiscalização adequada, em que os fiscais deixavam de autuar ou emitiam autos simbólicos de pequeno valor contra empresas envolvidas, dando a elas quitação fiscal .
Além de auditores, foram presos ontem Julio Sérgio de Morais Camargo; o advogado Luiz Lopes Barreto; e o empresário Kouchi Yui. O primeiro teria se passado por auditor fiscal e cobrado (e recebido) propina de empresários. Teria cometido crime de estelionato e por fato semelhante já foi acusado na Publicano 2.
Contra Yui, que tem empresas do setor têxtil, pesa suspeita de que teria pagado propina a auditores em troca de autuações irrisórias. Sua defesa preferiu não comentar a prisão afirmando que não dispunha de informações suficientes.
Já o advogado, que atua para uma rede supermercadista, teria sido preso em decorrência de acordos de propina em favor do mercado. Um representante desta empresa, que pediu para não ser identificado, negou qualquer envolvimento e afirmou que o advogado trabalha também para várias outras empresas.
Entre as conduções coercitivas, está a do empresário supermercadista Pedro Muffato, representante do Grupo Muffatão, de Cascavel. Em nota, ele afirmou que a empresa foi vítima de tentativa de extorsão praticada por funcionários públicos que são investigados nessa operação . O sócio-gerente do Muffatão de Londrina, diz a nota, compareceu voluntariamente ao Gaeco em 21 de setembro e detalhou o fato como ocorrido. Muffato prestou novo esclarecimento foi liberado.
Todos os conduzidos coercitivamente tem algum envolvimento, ou pelo menos, conhecimento. A definição se são testemunhas ou partícipes será possível saber após o encerramento das investigações , afirmou o promotor.
Além das prisões, também foram cumpridos 52 mandados de condução coercitiva no Paraná, São Paulo e Minas Gerais e 49 mandados de busca e apreensão. Na capital, foram dez mandados de prisão. Todos os mandados (47 de prisão, 49 de busca e apreensão, além da quebra de sigilo bancário de 19 pessoas e empresas) foram expedidos pelo juiz da 3ª Vara Criminal de Londrina, Juliano Nanuncio. Entre os auditores fiscais, 35 já são réus nas fases anteriores.
Até o fechamento desta edição, cinco auditores três de Curitiba e dois de Londrina seguiam foragidos. A maioria dos presos foi levada à unidade um da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL 1); Ana Paula foi encaminhada ao 3º Distrito Policial (zona oeste), onde já esteve em decorrência das prisões anteriores. E o advogado, em razão da função, está detido na sede do Corpo de Bombeiros.
(Com Folha Web)
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