top of page
Buscar

Tríplice Fronteira: CIDADES DE FRONTEIRA TÊM OS MAIORES ÍNDICES DE HOMICÍDIOS, APONTA ESTUDO - Foz d

  • Foto do escritor: nossavozfoz
    nossavozfoz
  • 31 de out. de 2015
  • 3 min de leitura

​O índice de homicídios em cidades de fronteira, as chamadas cidades gêmeas, são mais altos que no restante do país, aponta o levantamento do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteira (Idesf). Os dados foram apresentados nesta sexta-feira (30) em Foz do Iguaçu, durante o 2º Seminário Fronteiras do Brasil.


As mortes violentas, indicam o estudo "Características das Sociedades de Fronteira", estão ligadas ao contrabando e ao tráfico de drogas nestas regiões e seus reflexos são notados também na economia, na saúde e na educação e se estendem a todo o país.


"É inegável que estes altos índices de violência freiam o crescimento econômico e oprimem a população", destaca a pesquisa que faz um raio X das condições sociais e econômicas das 30 cidades gêmeas brasileiras.


Entre as cidades mais violentas do país estão Coronel Sapucaia (MS), com 102,31 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes, e Guaíra , no oeste do Paraná, com 99,62 óbitos para a mesma parcela da população. Em seguida aparece Foz do Iguaçu, também no oeste, com um índice de 63,13 assassinatos por 100 mil habitantes no período de 2008 a 2013. O índice geral nas cidades gêmeas é de 34,2 homicídios, contra 27,71 na média nacional.


"As atividades informais, como o comércio do contrabando, por exemplo, atraem muitas pessoas pela falsa ilusão do trabalho fácil e grande lucratividade. Este pensamento se vê refletido nos jovens e adolescentes que, sem maiores expectativas, deixam de lado os estudos e o emprego formal para se enfronharem nas atividades ilícitas, moldados pelo meio que os cerca", detalha o estudo.


Em números absolutos, informa, 33,5% da força de trabalho brasileira estava empregada entre 2008 e 2013. Nas cidades gêmeas este índice cai para apenas 21,1%, o que significa dizer que, se levada em conta a média nacional, 94,8 mil pessoas que vivem nestas regiões de fronteira deveriam estar formalmente empregadas para que os índices se igualassem.


Em Foz do Iguaçu, somente 26,4% da população economicamente ativa estava empregada na época. Para se alcançar a média nacional, 13.851 pessoas deveriam estar trabalhando com carteira assinada. Em um estudo anterior, chamado de "Custo do Contrabando", cerca de 15 mil pessoas estavam envolvidas diretamente com o contrabando na região, reafirmando o reflexo das atividades ilícitas na economia destas cidades de fronteira.


"Uma cidade como esta, que tem Cataratas do Iguaçu e Itaipu Binacional e todos os órgãos de segurança pública e regulatórios instalados, tem um nível de emprego e renda relativamente alto. Mas a questão é 'o que estão fazendo os quase 70% da população economicamente ativa, onde estão empregada, onde estão auferindo a sua renda?' Muitas vezes em atividades informais e até ilícitas", comenta o economista e presidente do Idesf, Luciano Barros.


Soluções


Os altos índices de criminalidade nas regiões limítrofes do país são influenciados tanto pelo tamanho da população, como pelo tipo de fronteira (seca ou delimitada por um rio) e pelo controle - menos ou mais permissivo - do fluxo de pessoas e de bens empregados pelo país vizinho.


Historicamente pouco povoadas, em especial nas regiões Norte e Centro-Oeste do país, as fronteiras brasileiras acumulam problemas que, segundo especialistas como o sociólogo e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Fernando Salla, podem ser resolvidos ou ao menos significativamente amenizados.


As soluções, observa, estariam em um conjunto de ações que vão desde a repressão ao crime até a aplicação de políticas públicas de caráter social e econômico, sempre de forma articulada entre União, estados e municípios, já que os reflexos não são sentidos apenas nas cidades que funcionam como porta de entrada do ilícito , mas em todo o país.


Uma das alternativas seria o incentivo ao desenvolvimento próprio destas cidades que - segundo Barros, apesar de tradicionalmente serem conhecidas por atividades como a produção de vinhos, no Sul, o turismo, em Foz do Iguaçu e no Pantanal, e a floresta Amazônia, no Norte - ainda são muito dependentes de recursos federal e estaduais. Os municípios de fronteira geram apenas 27,6% de receitas próprias contra cerca de 65% de cidades maiores como Curitiba , São Paulo e Rio de Janeiro .


Além do reforço nas ações de repressão ao crime, criar ferramentas de integração e desenvolvimento fronteiriço seria outra iniciativa para a redução das desigualdades, reforça a pesquisa. "Nosso país carece de políticas públicas específicas para as regiões de fronteira. Mais do que políticas públicas de nível nacional, carece de políticas públicas de cooperação já que esta simbiose nasce de forma natural entre as cidades gêmeas.

(Com RDN)

 
 
 

Comments


Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
Notícias Recentes
bottom of page